Poesia

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Agradece

Seja em que situação estiveres na vida estejas em abundância, ou a lutar pela sobrevivência , na doença, ou na vitalidade, nada disso importa, pois cada um de nós está a viver, exatamente o que precisa de viver Se sentes que há alguma coisa que podes fazer então força, mete mãos

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O túnel

Ao ouvido me segredaste tantas histórias para contar fiquei no marasmo das vertigens de falhar Um lago de não fazer campos e campos de nada sempre a perder A dor entra fisura e perfura um túnel uma longa noite escura Não há lua Nem gotas de esperança há um caminho

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É a vida

Limpa, as aflições que te comem os botões Queima, os medos que te têm como seu brinquedo Aceita, as experiências são todas elas a tua melhor colheita Expira, inspira é o ar da vida, é a flama, que todos os dias te chama Agarra, agarra-te com força é a loucura

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E assim começou

Começou com um par de palavras De seguida, umas ideias simpáticas Rapidamente fomos a umas mais arriscadas Gostaste, e de seguida me desafiaste Palavras levianas são baús de tesouros vazios quando sentidas, acendem-me os pavios Escutar a tua história soa a início de melodia uma inspiração, a ser vivida. Onde

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E um dia

E um dia  assim de mansinho com o mar calmo e perfumes de maresia  Nas cores amareladas  do início da madrugada vi um barco pela praia zarpar partiu,  para nunca mais voltar E tu na praia ficaste atolado com os pés na areia de frente para a rebentação com os

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Volta para mim

Onde estás tu não te vejo há algum tempo pensei que viesses ontem mas nunca chegou o momento Torna a min Anda meu bem Tenho saudades de ti Que os espasmos regressem Que os arrepios voltem Que a pele fique de galinha Que o zunzum volte a tocar nos ouvidos

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Reflexo da chuva

Às vezes a chuva chove e os pingos não me molham outras vezes não chove e sinto-me encharcado Quando sentes é tanto por isso escolheste tantas vezes nada sentir Erguem-se muros e paredes de betão para tapar o coração Ouve-se apenas a razão suprime-se a emoção julgamos e culpamos no

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Seja qual for, é esse mesmo

Seja qual for o caminho onde te encontres seja qual for a pessoa que tenhas pela frente ou a pessoa com quem te deitas na cama Os olhares que te dão na rua os abraços que te dão em casa os insultos que te atiram à cara Seja qual for

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As vidas continuam

Cada vida que vivemos  É mais uma oportunidade que temos.  Não há início, meio ou fim,  o tempo é sempre relativo ao observador.  Quantas vezes um dia passa num minuto  e outras vez um minuto parece tardar um dia. A percepção que temos da realidade é moldada pelas nossas crenças,

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Sexta-feira de vida

Não há vítima sem agressor,  os dois polos atraem-se,  os dois polos vivem dentro de cada um de nós  nenhum é melhor que o outro, é o que é. Agradece à vítima por te mostrar o agressor que és Agradece ao agressor porque te mostrou a vítima que te sentes.

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Navegar

Tudo começa com uma palavra depois vem outra e logo, mais umas poucas É uma cantiga pouco a pouco se vai compondo começa com um grito termina em melodia É uma dança nunca antes dançada deixar-se levar sem nunca saber como, ou onde irá acabar É navegar num denso nevoeiro

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Inimigo

Há uns que se riem outros que te apupam tentam encolher-te disparam gritos para humilhar-te Há dias que não os vês é tão bom quando não os ouves esses são de longe os melhores dias de todos Às vezes parecem poucos Outros dias são mais do que muitos lutas para

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O mesmo não é igual

Como é que e as palavras nas paredes do talho nas portas das finanças ou na papelaria da Ana não me dizem nada Como é que as pernas as nádegas os olhos de todas aquelas mulheres não me dizem nada Como é que o som do comboio dos carros da

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Sacia-me o desejo

O teu olhar de quem quer mais do que vê esse grito mudo de vontade acende-me o desejo e começamos com um beijo Essas pernas sufocam o olhar de quem as vê essa vontade ardente de ficar à tua mercê As coxas descobertas arrepiam-se ao tocar-te e cresce esse gemido

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Podem

Podem impor-me um trabalho aumentar-me a renda proibirem-me de sair de casa e eu direi sempre o mesmo. Podem subir os preços reduzir-me o ordenado obrigar-me a trabalhar mais anos a verdade continua a mesma. Podem chamar-me nomes impor-me uma máscara rescrever o passado mas não há jeito continuarei a

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Lá vem ela

Lá vai ela, vai tem esse olhar, tem energia boa, também tem tudo, tem é uma mulher boa Ela às vezes grita outras vezes chora a sua maior mestria é essa boa energia. Há dias de luta, outros de amizade, há noites de amor e manhãs de felicidade. Lá vem

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O caminho

Essa preocupação que se ocupa pelo que há de ser e nos devora o presente De fazer isto, aquilo ou o outro Deixa-nos sempre ausente. Ocupado e desligado, há mais uma tarefa para fazer, outro medo para temer, apenas ouves a razão nunca permites um momento dar ouvidos à emoção.

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As ondas

Há uma euforia quando elas vêm um vazio quando se vão Há esperança quando dizem que vêm uma secura quando não Há tempestade quando estão desordenadas vaidade quando nos estão designadas Há alento quando nos levam mistério quando nos enrolam Há admiração quando são impossíveis nostalgia quando são memoráveis Há

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Contigo

Não pode ser mas foi um mês passou a dor ficou A saudade, disseram eles, um dia passa mas aumenta a cada dia que passa Vejo-te, no mar, a rir, a abraçar. Imagino-te, a vires jantar acordo a saber, nunca vai acontecer. De nada servem os esforços de adormecer a

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Obrigado

Há um antes e um depois, a vida nunca mais será a mesma, os olhos são os mesmos mas a perspectiva para sempre mudou Partiste e entrou um imenso vazio o brilho de vida desapareceu parece um sonho de onde nunca acordamos abrimos os olhos e ainda aqui estamos neste

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Acordar

Nunca foram as tuas pernas nem o teu olhar o que me deixou louco por ti foi o amor Nunca foram os gritos ou as discussões que me fizeram duvidar as minha dúvidas sempre tiveram na minha relutância em amar Hoje sou mais do que era ontem quando finalmente abri

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Há um silêncio

Acordar o melhor acordar é com um sorriso do teu filho as brincadeiras o pequeno-almoço preparar a mochila dá trabalho mas rejubila a ida de bicicleta para a escola o sol a raiar e nós a cantar o abraço e o beijo da despedida aquele olhar antes de ires embora

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Berlim

Fui pela primeira vez em julho convite do meu amigo Loureiro nunca tinha visto jardins com tanta gente alemães sorridentes estrangeiros na Alemanha felizes bicicletas deitadas na relva felizes ao sol Fomos jantar a um restaurante típico da cidade, um tailandês, gambas massa e amendoim, nunca vi tal prato na

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Mata-me ou deixa-me viver

Acordar Tomar banho, vestir-me, tomar o pequeno-almoço, Procurar as chaves, não estão no sitio delas, Bater a porta com força porque a fechadura está perra Pôr música nos ouvidos para entreter-me Estar agradecido por poder caminhar até ao trabalho Caminhar quinze minutos até ao escritório Dizer olá às pessoas por

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É a chuva

São perguntas, senhor, são perguntas é o que levo no regaço, perguntas para oferecer não tiram a fome mas são muito boas para entreter. Perguntas, é o que mais tenho durante o dia ou de noite ventanias de perguntas de todas as direções são inundações de interrogações Alagado num mar